Eu tive, por muito tempo, a péssima mania de não me calar nunca. Falava tudo! Se algo me fazia feliz, eu falava, mostrava ao mundo, gritava aos quatro ventos. Por outro lado, se eu estava triste, não havia um conhecido ou estranho que não o ficasse sabendo. Esse excesso de língua me rendeu memoráveis dores de cabeça e estômago, causados por desde mal olhado até arrepndimento sistemático crônico.
Por isso desta vez eu me calei! As vezes o silêncio faz-se necessário. Me calei não pela correria do dia-a-dia ou por relapso. Me calei porque era preciso. Só em silêncio eu poderia me investigar. É só o silêncio que consegue entrar no mistérios de nossas mentes sem ser notado e decifrar enigmas para outros indecifráveis.
Se o silêncio é uma prece, a minha foi atendida. No meu cantinho fiquei me investigando, analizando, juntando pistas, decifrando medos, colhendo provas e concluí vários inquéritos.